Ahh minha infância,
Sonhava alto, mas me preocupava pouco,
Construía castelos na areia, sujava-me por diversão; roupa, mulheres, dinheiro nada disso importava na minha mente na minha infância o mundo era meu e só me faltava explorá-lo.
Imaginava-me nas pirâmides de Gizé em uma grande aventura com um artefato a procurar e uma donzela a salvar;
Subia em árvores, adorava altura, odiava garotas, jogava queimada, andava de bicicleta e sentia-me livre, não tinha responsabilidade, julgava o mundo um playground.
Com o tempo primaveras passavam cada vez mais rápido ao meu redor e o que antes era uma eternidade já não durava um segundo, os passeios de bicicletas acabaram e a imaginação que eu julgava a minha melhor amiga me abandonou aos poucos,
fiquei limitado.
Experimentei coisas novas, novas sensações, até então desconhecidas ou despercebidas, tive medo a princípio, mas depois de certo tempo adorei ou me acostumei não sei,
sentei respirei fundo e amei, calor, fervor, esquecia do mundo a cada novo amor, e a música cada vez mais rápida extraia de mim um sentimento vulgar e selvagem, dancei, curtir, namorei e aprendi a diferença entre o bom e mau caminho; entre pessoas e macacos soube dizer quem é o vilão e quem é o exemplo;
Abrir os olhos e vi um homem no espelho usando um traje Black-tie e quando olhei para os lados alguém me desejou parabéns, era um amigo de infância agora um adulto vestido igual a mim, tinha me formado,
já não sabia mais nada e eu sorrindo imaginei o que me aguarda, perguntava-me se esse era o começo? Alguém me responde, não, esse é o fim.
Fim da infância e início de uma experiência nova, a puberdade acabou e os carrinhos que tinha para quebrar já havia quebrado, as desculpas se foram como a imaginação, tornei-me um homem vestido de preto com uma gravata, olhei para trás e vi um garoto de sete anos me dando adeus, era eu, era.
Deu um passo a frente, caminhei com as lembranças de um passo atrás de quando eu era centímetro menor, não chorei.
A odisséia da vida começará.
